Clichês femininos: prazer não pode ser tabu

Uma grande censura na vida das mulheres ainda é falar sobre nosso prazer lascivo. Falar sobre sexo, libertinagem, das coisas que ela gosta, como gosta, como fazer, dizer que é melhor assim ou assado, contar para o parceiro que desse jeito não tá bom, melhor de outro. Dizer como goza. Esse assunto ainda é tabu porque vivemos numa sociedade que ainda é machista.

São tantas as mulheres que nunca sentiram um orgasmo na vida e outras que não tocam no assunto nem com a melhor amiga. Não é nossa culpa, obviamente, mas sim dos clichês de gênero largamente difundido e que estabelecem a infraestrutura da percepção da sexualidade. Imagine que existe uma indústria cinematográfica inventada e administrada por homens que perpetuam continuamente o sexo de uma forma deturpada formando gerações de pessoas que pensam que só os prazeres masculinos são importantes, que a violência faz parte do sexo, entre outros descabimentos. Além disso, temos o histórico religioso, que criou mitos e difundiu, muitas vezes e em diversas religiões, o prazer feminino como um pecado.

Muitas se sentem culpadas e infelizes quando praticam sexo ou quando sentem prazer em fazê-lo, provocando, em muitos casos, disfunções sexuais. São mulheres que não sentem prazer porque nem os próprios parceiros se certificam de oferecer isso a elas. Mulheres que não se masturbam por tabu ou que sentem vergonha de ver o próprio corpo nu. Precisamos compreender que o prazer e o sexo são coisas naturais e necessárias, que todas as espécies realizam e nem sempre com a finalidade da procriação.

E levantando a bandeira do prazer carnal, precisamos não só fazer sexo, como também ver, ouvir e cantar. Entre passeios no youtube, tive o ensejo de esbarrar nesse clipe maroto e devasso da banda goiana CARNE DOCE com a música “Amor Distrai”. Uma banda que eu só descobri agora, mas que já virei fã e recomendo. A música é do album “Tônus” de 2018. O clipe tem os desenhos de Gillian Rosa com roteiro de Thaynara Rezende, Salma Jô e do próprio Gillian. Esse clipe mostra o sexo liberto, afetuoso e tesudo, do tipo que deveria ser nosso objetivo de vida.

Lucia Alves é Pesquisadora de tendências em comportamento e consumo. Mestranda em Branding pela Universidade da Beira Interior e Bacharel em Design de Moda pelo SENAI CETIQT. Especialista em Futurologia com um repertório de 15 anos de serviços para a indústria e varejo estimulando inovação e criatividade. Fundadora do Bureau de Estilo, Fashionologia e idealizadora da Revista de Pesquisa de Comportamento e Cultura Brasileira, Brasil Mood.