Um espaço para Utopias

UTOPIA

substantivo feminino

  1.  lugar ou estado ideal, de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos.
  2. qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade.
  3. p.ext. projeto de natureza irrealizável; quimera, fantasia.

Ainda há espaço para Utopias.

Temos que buscá-lo.
É difícil encontrar, mas existe.

Estamos cercados de eletricidade. Cercados pela era digital. E assim como foi desde que o mundo é mundo e vem evoluindo, precisamos de tempos em tempos nos reciclar ao modo essencial de ser humano, procurando voltar as nossas origens para poder entender que está tudo bem e que a vida e a nossa existência é fantástica em muitos sentidos e aspectos.

Com todos os avanços tecnológicos e retrocessos compassivos, existe a sensação de que estamos perdendo o espaço humano, o contato pessoal, a sensibilidade das coisas. E, necessariamente, chega um momento que buscamos o espaço para utopias.

Como já dizia o Cartola:

“Eu quero nascer
Quero viver
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar”

O caminhar sem rumo, num devaneio, “se perder para me encontrar”. 

O tipo de busca desesperada, mas também necessária na desconstrução do nosso mundo e cotidiano.

Tudo está condicionado ao resultado.
Tudo está condicionado ao perfeito.
Uma pressão permanente sobre o acerto.
Sermos bem-sucedidos em tudo que fazemos.

Detesto essa visão.

Detesto a ideia de não poder errar.
Detesto pensar que vivo em uma geração que não me permite aprender com os erros.
De não poder se equivocar.
Não poder falhar, se recuperar e seguir adiante.

Um dos maiores poderes do ser humano: Errar.

Eu cometo muitos erros. Muitos erros…
Sempre foi assim e não deixarei de cometê-los.

Eu erro. As vezes de forma imperceptível, outras vezes de forma densa e incisiva.

Mas nesse vão que se abre quando se comete um erro, temos a oportunidade de pedir perdão ou de apreciar a correção de um.

Estou sempre sob minha própria suspeita.
Permanentemente duvidando de mim.
Das coisas que tenho certeza que são absolutas.

O mundo está sempre em movimento.
Estamos tentando descobrir quem somos.
O que estamos fazendo nesse planeta.

Crises existenciais.

Somos uma espécie tão extraordinária em tantos sentidos e em muitos outros não.
O espaço para a utopia é necessário.

Para entender o que estamos fazendo aqui.
O que vamos fazer com tudo isso?
Procure o seu espaço para as utopias. É difícil encontrar, mas existe.

Texto escrito ao som de Cartola – preciso me encontrar

Imagem da capa: PV Dias @palovitu

Lucia Alves é Pesquisadora de tendências em comportamento e consumo. Mestranda em Branding pela Universidade da Beira Interior e Bacharel em Design de Moda pelo SENAI CETIQT. Especialista em Futurologia com um repertório de 15 anos de serviços para a indústria e varejo estimulando inovação e criatividade. Fundadora do Bureau de Estilo, Fashionologia e idealizadora da Revista de Pesquisa de Comportamento e Cultura Brasileira, Brasil Mood.